O DESABAFO DO AMOR

 

 

Tem mulheres, Senhor, que não dão valor ao amor,

Parecem preferir rebeldia, indiferença ou omissão.

Ao lixo as rosas, preferem os espinhos e a dor

Não sabem valorizar no homem, o coração.

 

Há impressões de que buscam apenas fama

Sejam bem ou mal faladas,

Ainda que depois sejam deixadas,

Preferem os populares ou os com grana.

 

Parecem odiar o silencio, não crendo

Que os sérios às vezes se divertem mais que todos.

Mal sabem, que no mundo que hoje vai se vendo

É mais prudente às vezes fechar a boca e só abrir o coração.

 

Gostam de riscos e perigos, como os homens.

Onde as damas dos séculos d’outrora?

Onde as damas, gentis e delicadas? Elas somem,

E quando aparecem, vão atrás do homem errado.

 

Todas são lindas, Senhor, cada uma a seu modo.

Mas a pureza de seus corações às vezes some.

Aventuras em tempo e corretas serão sempre corretas,

Mas muitas caem na sarjeta ou dormem no lodo.

 

Todas são lindas, Senhor. Impossível delas não gostar.

Entra e sai século e sempre estarão no pedestal.

Mas rejeitam o amor dos poetas e não ouvem a voz dos profetas,

De modo que seus pés correm para o mal.

 

Refleti mulheres! Reflitam quando alguém lhes ama.

Dante amava Beatriz, Petrarca amava Laura;

Camões cantava as senhoras e Bilac à Amélia;

Os poetas morreram de amores e Werther por Carlota.

Cem mil poetas viveram e amaram nesta terra.

Quinhentos mil trovadores e cantores louvaram a mulher.

Um milhão de homens bons estão à sua espera.

De suas musas, sequer ainda ganharam um beijo!

 

Mas os amantes não desistirão de sua missão que restaura!

Embora suas musas estejam longe, mui longe,

Sonhando e desejando rebeldes sem causa...

 

Nelson Malzoni ®