ACTUM EST

 

(Está terminado)

 

 

Eu, que fui outrora alguém por estas terras
Que vivi a combater em tantas guerras;
Que senti na própria pele tantas dores
Que colhi em meio a espinhos tantas flores;
Que vi estrelas e fiz tantos planos, ó céus...
Que vi a morte de todos os sonhos meus!

Ó aqueles tempos, pequeno momento
Nesta vida eterna e neste mundo imenso;
Por que em tão pouco tempo, tanto sofrimento?
E aquelas lembranças, de tantas saudades
De pais e irmãos, do amor e de amizades?

Ó, a busca da paz por qual lutei até o fim
Que tanto me apraz e aprouve, mas não veio até mim!
Ó, e a sabedoria que busquei com alegria
Tanto conhecimento pra tão curta vida!
Ó, e a felicidade, que busquei com empenho
Virtude inconstante que jamais tive e não tenho!

Onde, encontrar posso, a resposta da promessa juvenil
De que eu iria alcançar o sonho, que a mente propôs e o coração definiu
Onde, avistar posso, a concretização da ilusão, que o mundo me deu?
Sim, enganado fui pelo mundo, deveria confiar só no céu!

Mas, agora onde, onde está
A felicidade que me fizeram acreditar?
Onde o promissor e longo tempo, cheio de contentamento
Sem necessidades, sem grandes lamentos?
Utopia/ Quimera/ Ilusão/
Todas as mundanas promessas, não passam de enganos ao coração!

Eu fui, em dado tempo, uma feliz criança!
Fui, há um breve tempo, um jovem cheio de esperança!
Mas, oh, o que sou agora senão vácuo, vento
Valeu a pena, deste mundo o sofrimento?
Fui, em meus sonhos, um navegante pelos mares
Um missionário pelas terras
Um mensageiro pelos ares
Um benfeitor em meio às trevas;

Mas, eis que os meus sonhos em realidade se deságuam
E tanta festa interna foi uma nulidade externa;
Tal qual me desfaleço só...
Tal qual me desfaço em pó!

Nelson Malzoni
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