
MUNDUS TRAGICUS
MUNDUS TRAGICUS l
Labirinto de ilusões na sagaz vida insana,
Trovões de ódio e orgulho são seus lauréis,
O inferno é sua meta torpe e profana
Que transforma todos os lares em bordéis.
Um canto de lágrimas traz em seu coro,
De tórridas tormentas veste o amor,
Um egoísmo latente se avilta em seu bojo
Buscando contemporizar a alegria co’a dor.
Ríspidas palavras trazem em seus lábios
Os imorais humanos desumanos,
Que só buscam, e encontram dor.
O céu não responde suas questões
E há uma eterna falha em seus corações:
Jamais há de se encontrar neles o amor!
Nelson Malzoni ®
MUNDUS TRAGICUS ll
Tempestade de sonhos, flagelo de emoções;
Trago n’alma em dor com o rancor
De quem tanto busca transformar em canções
Toda a sua infelicidade, fragilidade e dor.
Que tenebroso e vasto mundo à frente!
E que coração covarde e impotente!
Seus fracos braços não podem suportar
Prender todos os sonhos num só lugar.
Oh divina utopia, dor de quem chora...
Aflição e desespero, ilusão e flagelo,
Vais mais uma vez, me trazendo agonia.
Oh coração, caminha ao redor e olha!
Que todo o teu afã é vão, pois é o que vejo:
Que jamais há de ter completa alegria!
Nelson Malzoni ®
MUNDUS TRAGICUS lll
Escura é a noite. Negro é o dia.
Quando não há choro, não há alegria.
Um vazio n’alma. Uma busca sem calma.
Todos os momentos trazem agonia.
Negro dia. Escura noite. Cruel açoite
Que envolve-me o corpo de marcas e golpes.
Flagelo eterno de um fogo inapagável,
Por qual passamos a passos e galopes.
Mísera serpente que um dia n’alma
Fez brotar no humano a semente do mal!
Onde estava Deus naquela hora
P’ra impedir do homem, a queda moral?
Estúpido mundo. De dissabores.
Cruel vida. De horrores.
Qual o sentido da vida, do fraco homem
Que não sabe o caminho, p’ra se libertar das dores?
Nelson Malzoni ®
MUNDUS TRAGICUS IV
Não posso andar. U’a câimbra
Paralisa todos os meus músculos.
Mas não quero falar. Por uma estranha
Percepção de que minhas vozes, não alcançarão seus suplícios.
Não posso sorrir. U’a dor
Destrói os meus sentimentos mais lindos.
Mas não posso desistir. O meu coração
Produziu sonhos utópicos e infindos.
Não consigo escutar... As vozes do além
Que num vaivém refletem n’alma sua vontade.
Nem ao menos consigo ver. Porque também
Os meus olhos cegaram-se, p’la humana crueldade.
Não sou ninguém. Não conseguirei vencer.
Não posso desistir, ainda assim.
A noite de mistérios e ilusões se faz entenebrecer;
Quem sabe o alvorecer, guarda-me um mais belo fim!!?
Nelson Malzoni ®
. . .
MUNDUS TRAGICUS V
Não posso alcançar o meu sonho.
Ele se encontra longe demais.
Como se torna fraco o ser humano,
Quando perde, além de tudo, a paz!
O meu rosto não terá nem mais um sorriso.
Não existe a felicidade e é distante o paraíso.
Dos meus olhos sairão lágrimas eternamente
Como luto à opressão do plano em que labuto.
Como posso sorrir? Como posso não chorar?
A felicidade não existe e por conseqüência, a alegria
Está distante da vida e perto à ilusão.
A dor se multiplica na existência sem parar.
O que me consome por inteiro destrói meu sonho e me faz
Aguardar a morte. Porque já morreu meu coração!
Nelson Malzoni ®
MUNDUS TRAGICUS VI
Oh que terrível golpe chamado morte
Crueldade da natureza, realidade vital,
Que de trevas encobre a esperança
Neste frágil coração mortal!
Oh que dor n’alma, flagelo de emoção
A alegria se corrompe em seu trâmite!
A fé e a felicidade paralisam-se no coração
Em luto co’espírito mendicante!
Quisera o alívio eterno a enxugar meu choro!
Quisera ao menos ter direito à vida,
Já que sofrimentos há em cada canto!
Sonhara por anos, que dias felizes, avistassem os meus olhos!
Clamei pela vida, a cada segundo na lida,
Mas u’a eterna agonia tomou-me na morte, em pranto...
Nelson Malzoni ®
MUNDUS TRAGICUS VII
Queria viver mais. Queria a paz.
Não alcanço o favor. Só me vem a dor,
De chorar constantemente a morte
De cada ser que se vai, para voltar jamais.
Queria a vida, ao menos
Já que felicidade, não temos.
Mas a cruel lógica humano-racional
Faz a questão de nos dar o golpe mortal.
Qual é o sentido da vida? Sofrer?
Qual é a finalidade? Morrer?
Oh uivos e lamentos d’agonia!
O que fazer para sorrir, se o mundo é triste?
Como sorrir, se felicidade não existe?
Porque viver, se não há alegria?
Nelson Malzoni ®