NÃO SOMOS DESTE TEMPO

 

 

Frenético ritmo da vida rítmica

Ritmada por dores e prazer,

Formada da arritmia de luzes e abismos

Que se desestabilizam ao se ver.

 

Luzes e trevas, prazeres e pesares,

Quanto enleva a dor sobre a terra!

Quanto é extremo a dança das horas,

Que bailam e ressoam no sino da aurora!

 

Quanto encerra o mar, dividido,

Sonhos e paixões, abismos e vulcões,

Na tempestade o trovão aclara,

A negra face que a noite o dera.

 

Quem dera, a vida, ora insípida,

Se aquietasse como num sonho estático,

Onde o coração sempre fala mais alto...

E impedem da mente as atrocidades e morte.

 

Ora, ora, se esse ritmo dúbio fosse embora,

E só ficasse, e só restasse,

O prazer que sinto agora -

Ao lembrar-me de você – Querida!

 

Ora, ora, se tudo fosse embora,

Já que tudo é tão triste e fica na memória!

Pra recordarmos juntos e juntos viver a hora -

Que se passará ágil como outrora.

 

Levando-nos embora, roubando-nos as horas,

Tirando nossas vidas como tudo leva e traz.

E fossemos, mas contentes,

Como quem por vitória chora...

E fosse a nossa história -

Como Shakespeare aprova,

E juntos findássemos o louco destino,

Do vespertino amor e da noturna vida ilusória!

 

Não somos deste tempo,

Não somos deste mundo...

Somos da História.

 

Nelson Malzoni ®