SUMMUM IMPERIUM

 

 

De forma analítica
Queria viver a paralítica
Sensação poética...
Mas, não achando a futura...
Cura da fratura,
Tornei-me de igual feitura
A mais vil criatura...

De tudo o que meu ser abdica
Nada mais danifica
Tanto quanto
Aquilo que mais o identifica:
A pacífica realização do sonho.

Na era primitiva
Da minha mente oceânica
Que vivia a vagar por vãs direções,
Existiam por certo muito mais emoções
Do que a atual, que sacrifica...
Todas as emoções por uma.

Uma vida mais dinâmica
Queria ter quando
Tudo o que resta é nada.
Muitos sonhos. Muita ilusão.
É tudo o que há
Neste meu coração.

Queria o alto. O inalcançável.
Tudo o que resta é o chão em que piso,
E o abismo embaixo, para consolar-me.
Queria tudo. Um pouco mais.
Tudo o que resta é o pouco,
E o nada para satisfazer-me.

Na atual existência e realidades
Todos os sonhos são falsidades.
Todos os pensamentos são saudades.
Toda ação é nulidade
Ante a terrível corrupção do mundo.
Ante a pressão funesta do tempo.

É habitual a decepção casual
Por toda causa que impede o sonho.
Por toda dor que me traz o mundo.
É tão desigual a proporção de felicidade
Que já no mundo é usual
Buscar a alegria na tragédia.

E a guerra se inicia: irmão contra irmão.
E, neste afã, se esquece o amor e a dor.
Virtualmente se mata e realmente se morre.
E o poder busca na vitória e na fama
O homem já nem pensa e nem ama.
Apenas acende o fogo e mantém a chama.

O fogo destruidor do amor que um dia
Notou-se obter e parecia
Que estaria conosco sempre.
A decadência humana se presencia,
Quando sem amor, age com rancor...
Buscando a felicidade na própria dor.

Já que não pode tê-la na alegria perene
O homem se aflige com tudo e treme;
Teme o não-prazer e assume, sua natureza carnal.
Fonte sem igual
Dos maiores flagelos, desvelos e pesadelos.

A forma analítica da sensação poética
Daria ao menos uma cura patética,
Para este coração cansado, de viver agonias.
Faria enxergar cores, onde não há luz...
Faria ouvir vozes, durante a solidão...
Faria algo que aplacasse, ao menos um pouco,
A assolação da estóica estória dos meus sonhos.

Para abrir portas aos sentimentos mais profundos
De todos os que há no mundo.
Para dar oportunidades aos pensamentos
Para que se manifestassem, sobremodo fecundos...
Por todos os lados do mundo.
Para alcançar o eterno e o infinito - num simples passo.
Para alcançar a glória e a vitória - num simples gesto.

O supremo poder que baniste
Oh humanidade...
É o mesmo que fingiste
Ter de outro modo.
Se pensardes que iludiste
Este ser triste,
De mim apenas riste.
Mas não venceste!

Porque a vitória não é de quem age pelo avesso.
Não é de quem busca de qualquer jeito o sucesso.
Não é do pecador inconfesso...
Mas do que, mesmo sendo derrotado,
Sabe ver outro lado.
E nunca muda de lado.

Porque o mundo conceitual não mais existe
E o racional, esta fora de especulação.
O mundo sentimental, em que reina a paz e o amor,
É o que na verdadeira vida persiste...
Do amor,
Minha vida consiste.

Nelson Malzoni
®


 



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