TEMPESTADE DE ILUSÃO

 

 

Flores do campo, porque não sois eternamente belas?

Por que secas, morres e perdes sempre a sua luz?

Ó manhã dourada, porque não trazes contigo as estrelas?

Ó noite, porque o Sol não mais reluz?

 

Por que o mar, de acontecimentos se enreda, e leva...

E saudosas ondas voltam, e o passado novamente nos revela?

E porque a terra às vezes se torna areia, afundando nosso castelo?

E porque a realidade é tão humilde, e só por utopias enxergamos o paraíso belo?

 

Por que as mesmas pedras que nos ajudam a alcançar um degrau mais alto

Também nos fazem tropeçar, derrubando-nos ainda mais abaixo?

Por que o Céu, o sonho e a vitória não se podem apenas alcançar num salto?

E porque simplesmente, eu não posso viver num lugar calmo e tranqüilo como um riacho?

 

Por que as cores do arco-íris não colorem o céu, quando este, deixa de brilhar?

Por que a eterna seca não pode receber a graça de receber chuva?

Por que onde tem água, chove e chove mais, sem nunca parar?

E porque onde não tem, não chove para o povo que tanto luta?

 

Ó desgraça e miséria humana,

Ó atitude profana

De quem só quer para si

E do outro quer tirar!

 

Ó torrente de lamentos dos pobres a uivar!

Ó torpedo de cinismo do egoísmo a reinar!

Ó chama latente de injustiças a queimar!

Ó gélida neve que com o Sol vem nos cegar!

 

Ó súplicas de vida respondidas com mortes!

Ó misérias despercebidas por fortunas enormes!

Ó sonhos combatidos pela realidade de ilusão!

Ó ilusão que se fixa e não sai do coração!

 

No fundo do poço mentes célebres,

No auge do poder mentes pequeninas!

Encerrados nas prisões inocentes e cometedores de crimes leves,

E à liberdade vão-se almas corruptas, livres e peregrinas!

 

Ó fogo de lamentos!

Ó mar de desconcertos!

Quando da alvorada

Tiramos para o sonho o brilho

E a escuridão o apaga!

 

Quando elevamos para as nuvens o sonho

A tempestade chega e o destrói!

Quando nossa última e única esperança é o sonho

Pragas chegam e o corrói!

 

Ó vida corroída por vis labores!

Ó alma cansada de viver em dores!

Quanta tristeza no viver se agüenta!

Quanta ilusão, para a felicidade do coração, se inventa!

 

Ó dor de chorar sem sofrer,

Ó dor de sofrer sem chorar!

Ó dor oculta e latejante no peito!

Eu vou sonhar e me deito...

 

“Ó dor que já não tenho, por ter esperança!

Já não tenho da desesperança, a agonia...

Os sonhos que ficaram pra trás, em lembranças

Hoje realizados, fazem a minha alegria...”

 

Quem dera a vida em sonhos se fizesse!

Quem dera à utopia ter um dia...

A alegria desejada em sonho

Só é choro e covardia!

 

Ó aclamação do coração por emoção!

De querer sorrir em meio aos choros da vida...

Ó fim de todos os desejos do coração:

VER UM POR UM, SEREM PISADOS NA LIDA!

 

Nelson Malzoni ®


 



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