
VENDO ESTRELAS
I
Vejo o sacrilégio consubstanciado nessa forma imbebe de vida
Minha antiga sorte azarou-se na corrente intermitente de incertezas
Nada mais que iludidos momentos e tormentos trago nessa lida
O restante dos pensamentos esvaiu-se no mar amargo das tristezas
Com fúria quer gritar o coração quebrantado em lástimas
Com amor amou um mundo que não sabe o que quer
Com cuidado preservou iguais que não sabem viver
Com vergonha recolhe-se agora, incauto e em doloridas lágrimas
Vesti o mundo com vestes e cores vibrantes que destoam da tristeza
Com gentileza escondi seus maus traços e os disfarcei bem
Bonito ficou por fora, mas por dentro queria a guerra que não tem cura
Vivi fingindo que todo ele era bom e maravilhosa a vida
E após tudo o que lhe fiz e tê-lo amado como ninguém
Faz-me pensar agora ser um escravo da loucura
II
Roubei das flores um perfume suave para perfumar meus sonhos
Das estrelas o brilho pra iluminar meus pensamentos
Da lua o brilho escondido e o mistério de meus olhos
Do mar a fonte viva e criativa para a vida ativa dos momentos
Lamentos e desconcertos – ilusões e preconceitos – VIDA
Vida sentida – verdadeira e rediviva no segredo da noite
Sonhos – prazeres e pesares lamentados e aceitos por alegria
Morte acentuada e certa na espera, dor e fúria de um açoite
Silêncio – gozo infesto na escuridão funesta e festiva
O passado passou-se e não deixou lembranças – solidão
O coração explora a sensação da vida e d’alma cristalina
Sem saída se encontra no labirinto de engano e ilusão
III
Hoje nem percebi o quanto fraquejei em tudo
Todo o brilho e calor do dia deixei ao léu
Recomponho-me co’silêncio e escuridão da noite
Vendo estrelas é que contemplo melhor o céu.
Nelson Malzoni ®